Primeiro cego de um curso de mestrado do IFNMG defende dissertação sobre tecnologias assistivas

Print da sala virtual do Google Meet em que ocorreu a defesa de Fabiano. Estão visíveis ícones de nove pessoas, e a imagem aberta de cinco, incluindo a de Fabiano, no centro. 

Nesta segunda-feira, dia 20 de dezembro, Fabiano Batista de Freitas entrou em uma sala virtual, encontrou com amigos e professores e fez história. Pela primeira vez, um aluno cego defendeu uma dissertação em um programa de mestrado do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG). E foi aprovado!

A dissertação de Fabiano no programa de mestrado em educação profissional e tecnológica (ProfEPT) tem como título “O leitor de telas NVDA no processo de inclusão de estudantes com deficiência visual no IFNMG”, e trata do histórico e da importância das tecnologias assistivas, em especial da ferramenta que realiza a leitura de tela do computador para deficientes visuais. O produto educacional proposto pelo mestrando é um curso básico virtual dessa ferramenta, que inclusive já foi ofertado por ele para servidores do IFNMG. Após os ajustes finais, os textos serão disponibilizados no portal do IFNMG.

Fabiano, que é cego desde os 12 anos de idade, é graduado em Artes/Música pela Unimontes, trabalha como professor do Centro de Apoio Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual (CAP) - Montes Claros e agora está concluindo as últimas etapas para ser mestre em educação profissional e tecnológica pelo IFNMG. A sua conquista é um feito para ele e para o IFNMG, que vem atuando intensamente no sentido de promover a inclusão e ser uma instituição que acolhe com muito carinho e apoio as pessoas com deficiência. 

Confira abaixo um resumo do bate-papo que tivemos com Fabiano!

GRATIDÃO E HISTÓRICO

Minha gratidão ao Instituto Federal, aos professores, ao programa de mestrado, ao NAPNE, aos membros do setor de inclusão da Reitoria. No que precisei, o Instituto atendeu com presteza, com muito carinho. A palavra que resume é gratidão, porque a luta foi árdua. 

Sou cego desde os 12 anos, iniciei meus estudos em uma escola comum, mas todo o resto do percurso foi utilizando o método braille. Passei por escola especial, escola comum, cursei ensino superior na Unimontes até chegar nesse programa de mestrado. Foi uma vitória grandiosa, porque para uma pessoa com deficiência visual trilhar todo esse percurso não é fácil. Não é fácil para as pessoas que não têm deficiência. Para as pessoas que têm deficiência é ainda mais difícil. Uma pessoa cega inserida em um meio que usa muito de recursos visuais para propiciar acesso aos conhecimentos.

ESTUDO

O software que trabalhei no mestrado, o NVDA, possibilita que pessoas com deficiência visual possam realizar com autonomia e independência a leitura e produção de textos e a navegar na internet. Proporcionei com meu produto que servidores tivessem acesso a esse leitor de telas e por meio dele pudessem emitir suas próprias opiniões quanto a essa ferramenta e de que forma consideram que pode ser importante na atuação profissional deles, no auxílio ao atendimento a um deficiente visual. Muito gratificante ter o feedback dos servidores, que aprovaram esse produto educacional. 

Foto de Fabiano, usando um terno preto, camisa branca e gravata preta e falando em um microfone, que segura com sua mão direita