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NEABI - ACONTECE

Publicado: Terça, 05 de Dezembro de 2023, 16h40 | Última atualização em Terça, 16 de Janeiro de 2024, 08h29

NEABI/ Campus Araçuaí apoia a participação de indígena Aranã Caboclo no curso Construtores e Defensores de Territórios  

  Nos dias 07 e 08 de janeiro de 2023, o NEABI/Campus Araçuaí acompanhou Gabriel Barbosa, indígena Aranã Caboclo, de Coronel Murta/MG, ao Assentamento Terra Vista,  localizado em Arataca, no Sul da Bahia. Gabriel está participando da formação "Construtores e Defensores de Territórios".

  O curso Construtores e Defensores de Territórios será realizado em regime de alternância. Nessa modalidade, há o tempo escola e o tempo comunidade. O tempo escola ocorre no Assentamento Terra Vista em três etapas: janeiro e fevereiro de 2024, janeiro e fevereiro de 2025 e dezembro de 2025, ocasião em que os cursistas realizarão o trabalho de conclusão de curso. Aos/às cursistas será uma oportunidade de vivências e discussões visando o aprimoramento da sua formação teórica e prática no campo da agroecologia em suas dimensões territoriais, políticas, sociais, culturais, pedagógicas, comunicacionais, espirituais, antropológicas e científica, sempre em diálogo com mestres e mestras dos conhecimentos tradicionais.  Especificamente, os/as cursistas poderão escolher entre as formações oferecidas: meio ambiente, com ênfase em agrofloresta; edificações com ênfase em bioconstrução; agente de saúde comunitária integrativa, com ênfase em fitoterápicos; agroindústria, do solo ao chocolate; música e instrumentos musicais com ênfase em luteria; gastronomia, alimentação do bioma da mata Atlântica e da cabruca; e computação gráfica, comunicadores populares com atuação nos territórios digitais.

  A proposição do curso está vinculado à Teia dos Povos, uma articulação solidária de organizações políticas, movimentos sociais, territórios, coletivos, povos, ou seja,  agentes de luta os mais diversos possíveis, pautada pela necessidade da construção de uma grande aliança negra, popular e indígena. Para a Teia, trata-se de construir uma grande unidade dos povos em luta que seja tão ampla e plural quanto são os modos e as formas de vida exploradas, ameaçadas e oprimidas pelo patriarcado, pelo racismo e pelo capitalismo.

  Uma das referências nacionais da Teia dos Povos é o Mestre Joelson Ferreira, que recebeu o título de Doutor em Arquitetura e Urbanismo por Notório Saber pela UFMG em 2022. Ele é assentado do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Assentamento Terra Vista e um dos que tem contribuído com a elaboração de teses para a construção coletiva do programa político da Teia. Um das suas formulações deixa claro a orientação política que advoga: “o que nos une é maior do que o que nos separa”. Com vasta trajetória e experiência de luta, Mestre Joelson participou da construção do Partido dos Trabalhadores (PT) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), e desde 1988 está no MST, com o qual já colaborou como dirigente estadual e nacional. Tem sido uma voz potente sobre (des)acertos das esquerdas e da luta popular e tem enfatizado a importância da luta pela terra e território e a construção da soberania como caminhos para a jornada da libertação. Há mais de duas décadas, Mestre Joelson tem conduzido uma transição agroecológica que tem feito com que o Assentamento Terra Vista seja uma referência nacional na construção de alternativas concretas para a soberania popular.

  Outros objetivos da visita do NEABI/Campus Araçuaí ao Assentamento Terra Vista foram o de  conhecer as experiências exitosas e consolidadas no campo da agroecologia e da luta popular, bem como solicitar apoio para a mobilização pela criação, no IFNMG, do Campus Quilombo, em Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha. O Campus Quilombo pretende se constituir como uma proposta político-educativa que, nutrindo-se das experiências de luta e resistência de indígenas, quilombolas, camponeses e camponesas, negros e negras, possa desenvolver uma relação de respeito com as territorialidades constitutiva de diferentes formas de vida do Vale do Jequitinhonha que são historicamente ameaçadas pelo capitalismo, pelo patriarcado e pelo racismo. O Campus Quilombo, uma vez consolidada a conquista da sua criação, terá como princípio ser uma instituição pública de educação profissional e tecnológica comprometida com os anseios dos povos e comunidades tradicionais e grupos periféricos. Sua vocação é a de se colocar contra as engrenagens de um modo de produção que tem degradado a natureza e impossibilitado uma vida digna para os grupos minorizados socialmente.

 

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 Autores: José Carlos Silvério dos Santos, Sueli do Carmo Oliveira e Aécio Oliveira de Miranda

 

NEABI/Campus Araçuaí realizou roda de conversa sobre os cordéis da coleção Heroínas Negras Brasileiras de Jarid Arraes

  No dia 18 de dezembro de 2023, o NEABI/Campus Araçuaí promoveu uma roda de conversa com a pesquisadora Jiliane Móvio Santana (UTFPR) sobre o tema “Heroínas amefricanas nos cordéis de Jarid Arraes”. 

  A partir do seu percurso de pesquisa em Estudos de Linguagens que deu origem à dissertação “Heroínas negras brasileiras, de Jarid Arraes: perspectivas dos feminismos descoloniais na construção da narrativa de cordel”, Jiliane Santana dialogou com as/os presentes sobre a forma com que Jarid Arraes mobiliza os cordéis como ferramenta política de visibilização e
reconhecimento das experiências de mulheres negras brasileiras na formação cultural, política e social do país. 

  Além de discutir sobre as trajetórias de vida das mulheres negras biografadas nos cordéis de Jarid Arraes, a partir dos referenciais do feminismo negro, foi possível refletir panoramicamente sobre a literatura de cordel e sobre as estratégias da cordelista ao publicar a coleção de cordéis “Heroínas Negras Brasileiras” nos suportes folheto e livro, bem como sobre a incidência de projetos literários contrahegemônicos no campo editorial brasileiro. 

  O evento encerrou-se com a recitação de um cordel de autoria de Júlia Gomes e de um slam de Thaisa Martins.

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Texto e registros: Sueli do Carmo Oliveira; José Carlos Silvério dos Santos; Aécio Oliveira de Miranda

 

 

NEABI/ Campus Araçuaí participa do 2° Encontro de Trabalhadores e Trabalhadoras migrantes e impactados(as) 

 

  Nos dias 15 e 16 de dezembro de 2023, em Berilo/MG, o NEABI Campus Araçuaí participou do 2º Encontro de Trabalhadores e Trabalhadoras Migrantes, Impactados(as) pela Migração e Vítimas do Trabalho Escravo organizado pela Articulação dos Empregados e Empregadas Rurais do Estado de Minas Gerais (ADERE/MG). O encontro proporcionou aos participantes formação sobre os direitos trabalhistas e previdenciários, orientações de como identificar o trabalho escravo e informações sobre as redes de apoio que tem auxiliado os trabalhadores e as trabalhadoras migrantes.

  Além de representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário e da Empresa de Assistência Técnica de Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (EMATER/MG), participaram do encontro movimentos e organizações sociais que atuam no Vale do Jequitinhonha, autoridades municipais e representação de diversos mandatos de deputados e deputadas estaduais e federais. Quilombolas, trabalhadores e trabalhadoras discutiram o processo migratório enfatizando que a migração é uma necessidade imposta, dada as dificuldades em sobreviver na região.

  O abandono histórico que o Vale do Jequitinhonha tem sofrido por parte dos poderes públicos têm produzido uma situação de vulnerabilidade que alimenta um ciclo vicioso de pauperização do povo tornando-o suscetível à superexploração. A subcidadania é uma realidade generalizada para comunidades e povos tradicionais e comunidades camponesas da região.  A negação de direitos é generalizada, com destaque para as situações estarrecedoras de falta de acesso à água potável para consumo.

  Agrava esse quadro o fato de, muitas vezes, com apoio estatal, grandes projetos de desenvolvimento foram e estão sendo implementados no Vale do Jequitinhonha com consequências danosas para povos e comunidades tradicionais e camponeses e camponesas, a exemplo da monocultura do eucalipto, hidrelétricas e megamineração. É preciso ressaltar que a região é majoritariamente negra e com expressiva quantidade de comunidades quilombolas. Portanto, o racismo é uma variável importante para entendermos o  fato de que a região  seja  pejorativamente conhecida como “Vale da Miséria”. A precarização das condições de vida existente na região não é uma fatalidade. É um projeto histórico de exclusão e marginalização tendo em vista a exploração e ocupação do território pelos grupos econômicos em consórcio com setores políticos. Por outro lado, o descaso com os grupos populares significa amparo a grupos econômicos que veem o Vale do Jequitinhonha como área de exploração do povo e da natureza e não como território de vida.

  Diversos planos e programas de desenvolvimento tidos como milagrosos foram executados sem a participação popular e redundaram em degradação do meio ambiente,  expropriação dos territórios tradicionalmente ocupados e intensificaram a precarização das condições de sobrevivência de quilombolas, trabalhadores e trabalhadoras e comunidades camponesas. São essas condições precárias que alimentam a necessidade que força  as pessoas a se submeterem a condições de trabalho degradantes e violadoras da dignidade humana.

  O evento se preocupou em discutir as medidas a serem tomadas para solucionar o problema da migração forçada e, com isso, extinguir as condições que possibilitam o trabalho escravo. Os trabalhadores e trabalhadoras e os/as quilombolas protagonizaram a construção de um amplo diagnóstico dos problemas que os/as afetam e exigiram que os poderes públicos tomem providências imediatas em relação à construção de políticas públicas que respeitem as características das   comunidades camponesas e quilombolas e que possam gerar renda a partir dos seus próprios potenciais produtivos, o combate à degradação ambiental que minam as condições de sobrevivência digna no território, que realizem amplo programa que possa resolver as dificuldades de acesso à água para consumo e produção, que encaminhem soluções duradouras ao problema das estradas precárias, o acesso regular e permanente à saúde e educação. Ainda em relação à educação, os/as participantes manifestaram apoio à criação do Campus Quilombo no âmbito do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais o Campus Quilombo, no município de Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha/MG, visando atender prioritariamente as comunidades quilombolas, os demais povos tradicionais da região e as pessoas negras.

  O NEABI do Campus Araçuaí repudia veementemente a hedionda realidade do trabalho análogo è escravidão. Reforçamos nosso compromisso e apoio irrestrito a todas as organizações, movimentos sociais e entidades que atuam no combate ao trabalho escravo. A existência dessa realidade é inaceitável. É preciso denunciar o fato de que sob esse crime hediondo, o grande capital se reproduz através de inúmeros negócios que são protegidos pelo Estado brasileiro. Convocamos toda a sociedade ao engajamento no combate a essa situação que testemunha uma das facetas mais revoltantes que mantém a todos presos ao circuito histórico da escravidão e do racismo.

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Texto e imagens: Aécio Oliveira de Miranda, José Carlos Silvério dos Santos e Rodolfo de Jesus Chaves 

 

 

NOTA DE APOIO E  SOLIDARIEDADE  À JORGE FERREIRA DOS SANTOS E À ARTICULAÇÃO DOS EMPREGADOS(AS) RURAIS DO ESTADO DE MINAS GERAIS (ADERE/MG)

Nós, movimentos sociais, organizações e instituições abaixo assinados,  manifestamos apoio e solidariedade à Articulação das/os Empregadas/os Rurais do Estado de Minas Gerais (ADERE/MG) e ao seu membro Jorge Ferreira dos Santos em virtude das recentes agressões sofridas. 

Por ocasião das comemorações referentes ao dia 20 de novembro de 2023 no Campus Avançado Carmo de Minas do Instituto Federal do Sul de Minas Gerais, Jorge foi convidado para participar da atividade Luta antirracista: Qual a sua contribuição?, ocasião em que abordou o caso de trabalhadores e trabalhadoras em situação análoga à escravidão ressaltando o fato vergonhoso de que Minas Gerais tem liderado esse ranking há muitos anos. Contextualizando esses casos de violação da dignidade humana, ele destacou que o trabalho escravo contemporâneo é um crime recorrente em lavouras de café do Sul de Minas Gerais. Jorge, que é vítima frequente dos ataques de setores ligados aos interesses econômicos vinculados às práticas por ele denunciadas, foi, por sua fala no evento, covardemente difamado e caluniado nas redes sociais.

Jorge tem uma atuação notável como militante antirracista e contra a escravidão contemporânea. Atuando na ADERE/MG e na Central Única dos Trabalhadores (CUT), seu trabalho militante já resultou no resgate de centenas de pessoas submetidas à situações análogas à escravidão. O trabalho determinado e corajoso de Jorge tem enfrentado interesses poderosos vinculados a setores destacados da economia de Minas Gerais, que apesar das violações cometidas contam com a conivência de setores políticos e dos conglomerados da mídia hegemônica. Conforme destaca Jorge, o fato de que a grande maioria das pessoas submetidas à iniquidade do trabalho escravo na contemporaneidade são negras demonstra a persistência histórica dos legados iníquos do nosso passado escravista.  

O Vale do Jequitinhonha é uma região que mantém um fluxo migratório intenso de trabalhadoras e trabalhadores (em sua maioria negras e negros, camponesas e camponeses, além de povos e comunidades tradicionais) para o trabalho nas lavouras de café do Sul de Minas Gerais. Região pauperizada pelos processos de modernização do capitalismo brasileiro, o Vale ainda é popularmente conhecido como lugar onde existem as “viúvas de marido vivo”,  tamanha a recorrência e impacto demográfico causado pela migração sazonal ou permanente de pessoas que são submetidas à superexploração nas ditas “regiões de economia dinâmica” nas quais se encontra empreendimentos cuja pujança econômica é construída às custas da escravização de pessoas.

Nós, organizações e entidades abaixo assinadas, estamos engajados na luta contra o trabalho escravo contemporâneo e o racismo. Temos atuado para assegurar a dignidade de todos os grupos minorizados socialmente e  submetidos à violência racista e às iniquidades do capitalismo. Colocamo-nos firmemente ao lado do companheiro Jorge Ferreira dos Santos e da Articulação das/os Empregadas/os Rurais do Estado de Minas Gerais (ADERE/MG), repudiamos todas as agressões sofridas e convocamos todos os setores antirracistas a intensificar a luta política e social em prol de uma sociedade diversa, plural, justa, igualitária e fraterna.

 

Núcleo de Estudos, Pesquisas e Extensão Afro-Brasileiros e Indígenas do Instituto Federal do Norte de Minas do Campus Araçuaí (NEABI IFNMG Campus Araçuaí)

 Comissão das Comunidades Quilombolas do Vale do Jequitinhonha (COQUIVALE)

 Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)

 Observatório dos Vales e do Semiárido Mineiro  da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri (UFVJM)

 Comissão Pastoral da Terra de Minas Gerais (CPT/MG)

 Núcleo de Estudos, Pesquisas e Extensão Afro-Brasileiros e Indígenas Central do Instituto Federal do Norte de Minas

 

Texto: Aécio Oliveira de Miranda

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